já não se escrevem cartas. - Alice Sousa/


Alice Sousa nasceu no Funchal em 1937. Em 1957, concluiu o 4º ano de Pintura da Escola de Belas Artes do Porto, estudando com os pintores Dórdio Gomes e Augusto Gomes. Concluiu o Curso Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1963. No ano seguinte, obteve a medalha de ouro no Curso de Premiação. É professora aposentada de Artes Visuais do Ensino Secundário. Actualmente trabalha no atelier da Circul'Arte. Expõe desde 1969 em Portugal e no Brasil. Participou em 60 colectivas e cinco individuais.


Alice Sousa apresenta várias pinturas acrílicas sobre tela, de diversas dimensões. A sua exposição, com um cunho marcadamente nostálgico e dolorido, mas também com um título que encerra "alguma ironia", é assumida "como se fosse um diário, ou cartas"... escritas, em jeito de homenagem, a pessoas que marcaram a sua existência. Alice Sousa recorda com carinho pessoas que já faleceram, colegas, artistas como ela, e tenta escrever-lhes cartas nas suas pinturas, como se estivesse a estabelecer um diálogo, a falar com amigos que já partiram. Confessa que as mortes de pessoas de quem gostava a têm marcado muito, deixando-a "com um sentimento de nostalgia, de perda". Enquanto ainda lhe cumpre viver e trabalhar, esta artista madeirense sente a necessidade de deixar este testemunho, esclarece.



Alice
Debruçada sobre a tela
escorrem dos teus dedos minuciosos
signos. Teces, subtil, a rede
dos instantes. Quando o pano
toma impulso de vela
feita ao largo, então acordas
Da vigília do sono.
E do espanto de te veres
Recuando, desde sempre, para o teu
começo.

Flor Campino,
O Lume dos Dias
Poesia Apontamento


























Um agradecimento especial à Pintora Alice Sousa pela simplicidade, força e entusiasmo que só as grandes pessoas, de enorme coração e sabedoria, sabem ter.